Olá,
Primeiramente, preciso me apresentar: Meu nome é Bráulio e sou o marido da Tati, administradora e idealizadora deste blog.
Hoje quem vai escrever por aqui sou eu.

A Tati me disse que ia escrever um post falando sobre o que uma noiva sente minutos antes de entrar para a cerimônia e achei que seria interessante ver também o outro lado dessa história, ou seja, o do noivo. Sim, porque acho bem difícil um homem falar abertamente sobre o que sente, ainda mais quando o assunto é casamento.

Durante os preparativos muitos noivos bancam os “chatos”, sempre repensando as estratégias do projeto da cerimônia e da festa, geralmente por motivos financeiros. É um tal de “você tem certeza?“, “isso é mesmo necessário?” ou até “Caramba! Que caro! Tudo isso por uma fitinha rosa?“. Muitos dizem que essas coisas não são importantes, mas no fundo o que isso quer dizer é que ele não liga muito para o casamento como festa, o que ele quer é ficar com você, e se puder economizar um pouco ele agradece (risos).

Uma parte disso é verdade: ele quer ficar com você e ponto. Mas a outra parte não é verdade, pois os homens ligam sim para o casamento, principalmente no dia. E comigo foi isso que aconteceu.
Eu participei de tudo, todas as decisões, visitas, degustações, reuniões e DIY desde o começo do casamento, mas a “ficha só caiu” mesmo na hora da cerimônia.
Não sei se todos os homens são da forma como vou descrever, mas foi o que aconteceu comigo.

Como eu disse, acompanhei a Tati em tudo desde o início, ajudei em muitos DIY (fazendo inclusive uma cortina de tsurus por conta própria e sem ajuda) e confesso que fiquei muito empolgado com as coisas, mas não tive nenhum grande momento de sentimento durante o processo de preparação do casamento. Achava tudo muito legal e sempre a apoiei, dando idéias, também tentando economizar, mas sempre sem interferir nas escolhas dela.
O fato é que muitos homens não se dão conta da importância que tem o casamento para uma mulher, e como não dizer, para eles mesmos. Algumas mulheres até acham que o cara pode ser insensível, mas não é isso. O que acontece é que durante todo o processo de preparação do casamento, o homem só PENSA, ele não SENTE.

Comigo foi assim, pensei em muita coisa. No dia antes do casamento, por exemplo: a Tati já não tinha dormido bem na noite anterior, então eu disse à ela “não vamos fazer mais nada, vamos tomar um vinho porque noiva não pode ter cara de ontem“. E assim fizemos. Daí dormimos. No dia seguinte, na manhã do casamento, arrumamos tudo, repassamos algumas vezes a lista de coisas para levar, entramos no carro e lá fomos nós.

Chegando no espaço, tivemos diversas coisas para resolver até que a Tati foi para o chalé fazer o making of e eu continuei a organizar as coisas com os fornecedores. Tirar o tapete que estava a mais, fazer ensaio fotográfico dos DIY, bater o cronograma, vistoriar os banheiros, etc, etc, etc. Essa é a hora em que o noivo faz um mooonte de coisas, e só depende dele. E eu fiz direitinho.

Eis que chegam os primeiros convidados e eu ainda estava com roupa “comum”, sem fazer a barba e já suado de tanto correr para lá e para cá… mas ainda faltavam algumas coisas para fazer. Daí os pais da Tati chegaram… Ufa… começaram a me ajudar e a recepcionar os convidados.

Quando fui olhar no relógio já eram 11:25 e a cerimônia estava marcada para as 12:00. Nessa hora tive que me acalmar, confiar nos fornecedores e deixar os detalhes que faltavam para eles resolverem, o que fizeram muito bem.

Enfim, fui para a minha suíte fazer a barba, tomar banho e me arrumar. Depois de me vestir, dois grandes amigos (e padrinhos) foram até a suíte para fazermos algumas fotos e terminar a minha preparação. O clima estava descontraído, como se estivéssemos nos preparando para sair e tomar um chopp. Claro que eu estava nervoso, mas até aí nada de sentimento, só queria que tudo saísse perfeito e a festa fosse um sucesso para nós e nossos convidados.

Desci para a área do casamento e quase todos os convidados já tinham chegado… ainda bem que a noiva atrasou um pouco (risos).
Confirmei com o DJ se estava tudo certo e fui com a cerimonialista organizar o cortejo. Daí é padrinho daqui, madrinha de lá, troca ordem de casal…. enfim… organizamos tudo e a cerimônia finalmente iria começar.

Daí você deve estar se perguntado “porque é que ele tá contando tudo isso, já que o post é sobre o que o noivo SENTE antes de entrar e não sobre o que ele ele FEZ antes de entrar?”. Mas aí é que está! Até então eu não tinha sentido muita coisa, porque eu sou assim; arrisco até a dizer que os homens são assim.

Mas a graça da vida é que tudo muda sem aviso, né?!

Na hora que a primeira música tocou e eu me vi de braço dado com a minha mãe, saiu de cena o noivo/organizador/gestor e ficou simplesmente o homem que percebeu que tudo o que havia feito no último ano para realizar os sonhos de sua mulher tinha valido a pena e o sonho estava ali, acontecendo na sua frente.
E tudo o que eu tinha que fazer a partir dali era caminhar.

E assim eu fiz.

Foi uma sensação única, que eu confesso que pensei que fosse demorar mais e até que eu me sentiria desconfortável, mas não. Tudo muito tranquilo e feliz.
Caminhei com uma certeza que talvez nunca tenha tido antes na vida. Chegando no altar, minha mãe me abraçou e foi para o seu lugar.

Lembro bem da sensação de não conseguir parar de sorrir quando vi todos os padrinhos e madrinhas caminhando em minha direção. Eu estava nervoso, claro… mas agora por outro motivo.
Podia ver seus rostos felizes e seus sorrisos e me sentia muito, mas muito feliz mesmo.

Daí entrou todo mundo.

A música parou…. e eu já sabia que a próxima era ela. E quando começou a música da sua primeira caminhada, foi o momento em que meu coração ficou muito, mas muito apertado. Eu queria que ela já estivesse lá do meu lado, mas sabia que ela tinha que percorrer todo um caminho para chegar ali.

Foi quando a vi saindo do chalé, lá longe e não consegui me segurar. Então comecei a chorar.

Eu nem tentei me segurar, foi uma coisa tão louca que veio de repente. E não foi pouco, foi choro de verdade, um misto de choro de alegria com um choro sentido, daqueles que vem do fundo da alma.

Um antigo professor me disse que quando você chora de verdade, chora por algo que está acontecendo agora e também por todas as vezes que queria chorar e não chorou. Acho que ele tem razão, pois nessa hora passaram pela minha cabeça muitas coisas…
Algumas eram coisas do passado. Lembrei de todos os passos em falso e o tanto que tive que caminhar e passar para estar ali naquele momento. E todos esses pensamentos sumiram de repente, como que espantados por uma luz que me envolvia. Daí entendi que a luz vinha dela, e que eu nunca mais me preocuparia com o passado, pois ela estaria ali do meu lado sempre.

Lembro de minha tia ter falado “não chora“, daí me recompus um pouco (risos).
E então ela veio, caminhando sozinha, depois com seu avô e depois com seu pai. Ele a entregou a mim, me deu um abraço forte e eu retribuí. Dei um beijo na testa dela, demos as mãos e fomos para o altar.

Nestes poucos minutos, senti tudo o que não tinha sentido durante todo o tempo de preparação. Senti que ali era o meu lugar, que era realmente o que eu queria fazer e que não havia dúvida nenhuma de que minha vida será sempre dedicada a ela.

E como ela disse, estava começando a nossa cerimônia de casamento.

Daí para frente ela conta em outro post.

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